quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Sapos, sapinhos e sapões (25/11/2015)

Olá, como estão?


E pronto!...
O Cavaco lá teve que engolir o sapo e indigitar o António Costa como Primeiro-Ministro.

Agora vamos ver o que vai acontecer.
Não compactuo nem com os que profetizam milagres nem com os arautos da desgraça: espero para ver.
Confesso que acho estranho os sinais de abrandamento da austeridade que se anunciam, se sempre foi dito que não havia dinheiro.
Mas eu até penso que compreendo essa medida: com o alívio da austeridade, estimula-se a economia familiar para levar a um aumento do consumo, que vai estimular a nossa economia e levar à criação de postos de trabalho, traduzindo-se em mais receitas para a Segurança Social.
Eu não sou economista nem nada que se pareça, mas é assim que eu vejo a coisa.
Por agora, eu vou dar a este governo o que eu dou a todos, no início do seu mandato: o benefício da dúvida.

 
E já foi aprovada, em Assembleia da República, a adopção por casais do mesmo sexo.
Finalmente e até que enfim!
Eu sempre defendi que os candidatos a adoptar devem ser avaliados por quem são e pelo que têm para oferecer, e não pela sua orientação sexual.


E falta um mês para o Natal!
Este ano, portei-me muito bem: o que é para oferecer, já comprei.
Assim, evito as confusões e multidões.
E quem, como eu, está numa cadeira de rodas, percebe bem o que eu quero dizer.

E sem saber como nem porquê, lembrei-me de um Natal de há já mais de vinte anos: foi o Natal onde eu andei a namorar umas botas, lindas, castanhas, de cano alto, de enfiar e de salto alto. Custavam perto de PTE: 7.000$00.
Foi a minha prenda de Natal: os meus pais deram-me o dinheiro para comprar as botas.
E eu comprei.
Acreditam? Eu, com umas botas de salto alto?
Mas foi verdade.
Quem me viu e quem me vê…


Dei de caras com um testemunho que escrevi, sobre a minha relação com a ataxia de Friedreich.
Penso que nunca o partilhei aqui.
Sendo assim, cá vai disto:

Olá.

O meu nome é Fátima, tenho 45 anos, sou solteira, estou reformada por invalidez e moro no Vale de Santarém (concelho e distrito de Santarém, Portugal).
Para os crentes em Astrologia, posso dizer que sou do signo Carneiro, com ascendente em Escorpião.
Comecei a sentir alguns desequilíbrios no final da minha adolescência, mas nada que me fizesse questionar que algo não estava bem.
Como a questão dos desequilíbrios, ao invés de melhorar, afectava cada vez mais o meu dia-a-dia (quantas e quantas vezes não ouvi risinhos de troça e a frase “Aquela já vai bêbada”), resolvi expor a questão a um médico.
E foi o início do meu périplo, da minha odisseia.
Depois de ser vista por vários médicos de várias especialidades e de uma infinidade de exames, o Prof. Dr. José Manuel Ferro (Hospital de Santa Maria – Lisboa), médico neurologista, avança com um possível diagnóstico, mas ainda sem certezas: ataxia cordonal posterior.
Estávamos em 1994 e eu tinha 24 anos.
Depois desse meu primeiro diagnóstico, imediatamente comecei a fazer fisioterapia.
Ao mesmo tempo os meus desequilíbrios estavam cada vez piores e cada vez mais me ia sentindo uma aberração, um pária, um ser marginal à beira de tudo e todos.
Também desenvolvi uma depressão. Profunda.
Eu tinha perguntas (O que é que eu tinha? Porquê eu? O que é que eu podia fazer acerca disso?), mas não encontrava ninguém que fosse capaz de me dar algumas respostas.
Finalmente, em 1998 e aos 28 anos de idade, após umas análises genéticas, a Prof.ª Dr.ª Paula Coutinho (Hospital de Santo António – Porto) disse-me exactamente o que eu tinha: ataxia de Friedreich.
Como eu nunca tinha ouvido falar de tal coisa (... ataxia de Friedreich?... O que era isso?...), imediatamente comecei a tentar desvendar essas palavras, ataxia de Friedreich, e a procurar descobrir o que se escondia por detrás delas: o que era e porque é que eu a tinha.
Eu já sabia algumas coisas, nomeadamente que era rara, incurável e progressiva. Mas mesmo assim lembro-me de ter ficado assustada quando comecei a desenrolar o novelo da informação possível sobre a ataxia de Friedreich, especialmente quando descobri que encurta a esperança de vida e todos os outros problemas associados, que os afectados pela ataxia de Friedreich poderiam desenvolver: diabetes, problemas cardíacos, problemas na visão, audição e fala, problemas respiratórios, problemas na deglutição, problemas de incontinência, escoliose.
Também descobri porque é que esta coisa me saiu na rifa: esta é uma doença hereditária, mas recessiva. Ou seja, ambos os progenitores têm que ser portadores da mutação. Isto faz com que esta doença possa saltar várias gerações. E na verdade, até onde a memória alcança, ninguém da minha família alguma vez apresentou sintomas semelhantes. Só que, quer o meu pai, quer a minha mãe, eram portadores. O que se revelou uma surpresa, pois não faziam ideia. E eu herdei a mutação, quer dum, quer do outro. Ou seja, faço parte dos 25% que desenvolvem a doença. Pois os filhos dos casais em que ambos são portadores têm 3 hipóteses: são perfeitamente saudáveis (25%); desenvolvem a doença (25%); são portadores, nunca desenvolvendo a doença, mas podendo transmiti-la (50%). Daí a importância dos testes genéticos, nomeadamente para os membros das famílias afectadas.
Sei que esta é uma doença progressiva, que me vai levar a uma dependência cada vez maior de terceiros.
E que vou ter que assistir, dia após dia, à decadência precoce, putrefacção acelerada do meu corpo, qual fruto podre antes de tempo, ao ponto de me sentir prisioneira sem qualquer hipótese de fuga.
Esta é uma doença pérfida e cruel, pois apesar de nos roubar a nossa autonomia e despir da nossa identidade, lentamente, passo a passo, a nossa mente não é afectada. Sabemos e temos consciência do que nos está a e irá acontecer. Dia após dia, passo a passo, vou cada vez mais perder o controlo sobre o meu corpo e assistir à dolorosa separação de mim, do meu querer e da minha vontade.
Eu e o meu corpo somos, cada vez mais, duas entidades apartadas.
Apesar de saber isto tudo, tentei, até onde me foi possível, continuar com a minha vida normal.
Reformei-me em 2008.
E apesar de estar numa cadeira de rodas e já reformada, continuo a trabalhar, nomeadamente em duas áreas que me apaixonam: a escrita e o voluntariado.
Em relação a esta última, tenho trabalhado com a APAHE – Associação Portuguesa de Ataxias Hereditárias (http://www.apahe.pt.vu), uma associação que tenta alertar e sensibilizar a sociedade civil para este tipo de doenças e a BabelFAmily (http://www.babelfamily.org). uma associação internacional contra a ataxia de Friedreich.
Por vezes (muitas vezes, aliás!) sinto-me cansada, desanimada, com vontade de mandar tudo para o alto e, muito pura e simplesmente, desistir.
Mas se há coisa que aprendi, é que esta vida é uma guerra, feita de pequenas e duras batalhas, constantes e diárias.
Para mim, desistir é perder, admitir a derrota.
E eu detesto perder.
Também fico frustrada com a lentidão. De tudo. Ciência e homens.
Apesar de saber que é mesmo assim, que as coisas demoram (sempre!) tempo.
Acredito piamente que vão descobrir a cura para a ataxia de Friedreich, num dia mais ou menos distante. Infelizmente, também acredito que vai ser num dia mais distante.
Acima de tudo, não tenho vergonha de mim. Recuso-me. Como eu sempre digo, “Vergonha é roubar e ser apanhado”.

Em 2010 publiquei o livro “Quando um burro fala, o outro baixa as orelhas” (Chiado Editora, http://www.chiadoeditora.com), onde conto a minha história e falo sobre a minha experiência em viver com ataxia de Friedreich.

Ainda em 2010, embarquei numa outra aventura, coordenada pela BabelFAmily (http://www.babelfamily.org), uma associação internacional que luta contra a ataxia de Friedreich: a escrita de um romance original, por autores de todo o mundo, todos com ligações à doença. As receitas obtidas com a venda de tal livro iriam reverter para a investigação da ataxia de Friedreich, na busca dum tratamento e/ou cura. Finalmente, em 2014, “O legado de Marie Schlau” foi editado em Espanha (“El legado de Marie Schlau”). De momento, está a ser feita a tradução para inglês (“The legacy of Marie Schlau”), ainda não havendo qualquer previsão para a tradução em português.

Actualmente, tenho dois blogues: “À procura de uma história” (http://aprocuradeumahistoria.blogspot.pt), onde partilho a minha paixão pela escrita, e “Recatratos” (http://recatratos.blogspot.pt), onde falo de tudo um pouco. Tenho ainda uma página no Facebook, “Lira – A Rapariga dos Cabelos Verdes” (http://www.facebook.com/lira.araparigadoscabelosverdes), uma personagem fictícia.


Sobre “O legado de Marie Schlau”

18 autores (Maria Blasco Gamarra; M. Luz González Casas; Diego Plaza González;
Imaculada Priego Priego; Maria Pino Brumberg; Eva Plaza González; Pilar Ana Tolosana; Miren Kristina Zarrantz Elizalde; Rámon Roldán Herreruela; Sarah Allen; Nicola Batty, entretanto já falecida; James Wafer, autor da capa; Fátima d’Oliveira; Susan Allen Carter; Jamie Leigh Hansen; Claudia Parada; Marguerite Black; Rebecca Stant).
7 países (Espanha, Reino Unido, Portugal, EUA, México, África do Sul, Austrália).
4 continentes (Europa, América do Norte, África, Oceânia).
3 línguas (espanhol, inglês, português).
1 livro (“O legado de Marie Schlau”).
1 ideia, 1 vontade, 1 objectivo: divulgar a ataxia de Friedreich, uma doença rara, incurável, genética, progressiva e altamente incapacitante e, ao mesmo tempo, angariar fundos para a investigação da doença, na busca dum tratamento e/ou cura.
Esta aventura começou em 2010, quando a autora Maria Blasco Gamarra entrou em contacto com a associação BabelFAmily (
http://www.babelfamily.org) com a ideia de um projecto pioneiro: a escrita de um livro, um romance original, de ficção, por autores com ligações à ataxia de Friedreich.
Finalmente, em 2014, foi publicada a versão impressa do livro em espanhol, “El legado de Marie Schlau”.
De momento, está em preparação a tradução, para posterior publicação, da versão impressa do livro em inglês, “The legacy of Marie Schlau”.
O objectivo é traduzir o livro em vários idiomas. Tal só é possível devido ao excepcional trabalho desenvolvido pela dedicada equipa de tradutores, todos em regime de voluntariado, da BabelFAmily.
Algumas entrevistas com alguns dos autores do livro já estão disponíveis em http://www.babelfamily.org.
Todos as receitas angariadas com a venda deste livro destinam-se à investigação da ataxia de Friedreich na busca dum tratamento e/ou cura.
Se desejarem mais informações, podem contactar a associação BabelFAmily, através do site (http://www.babelfamily.org - Contatos).”


Por agora é tudo.
Até uma próxima oportunidade.



quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Quentes e boas (11/11/2015)

Olá, como estão?


Hoje é dia de São Martinho.

Este dia é uma das celebrações que marcam o Outono e a tradição exige celebrar-se a data com um magusto.

História de São Martinho
A lenda de São Martinho conta que certo dia, um soldado romano chamado Martinho, estava a caminho da sua terra natal. O tempo estava muito frio e Martinho encontrou um mendigo cheio de frio que lhe pediu esmola. Martinho rasgou a sua capa em duas e deu uma ao mendigo. De repente o frio parou e o tempo aqueceu. Este acontecimento acredita-se que tenha sido a recompensa por Martinho ter sido bom para com o mendigo.
A tradição do Dia de São Martinho é assar as castanhas e beber o vinho novo, produzido com a colheita do verão anterior.
Por norma, na véspera e no Dia de São Martinho o tempo melhora e o sol aparece, tal como sucedeu com São Martinho. Este acontecimento é conhecido como o Verão de São Martinho.

Frases e Provérbios de São Martinho
→ Por S. Martinho semeia fava e o linho.
→ Se o inverno não erra o caminho, tê-lo-ei pelo S. Martinho.
→ Se queres pasmar o teu vizinho, lavra, sacha e esterca pelo S. Martinho.
→ No dia de S. Martinho, vai à adega e prova o vinho.
→ No dia de S. Martinho, castanhas, pão e vinho.
→ No dia de S. Martinho com duas castanhas se faz um magustinho.
→ Dia de S. Martinho, fura o teu pipinho.
→ Dia de S. Martinho, lume, castanhas e vinho.
→ Pelo S. Martinho, todo o mosto é bom vinho.



E pronto. Já está. Aconteceu.
O XX Governo Constitucional caiu – o governo de mais curta duração na ainda curta história da democracia portuguesa.
O Carlos Vaz Marques, no programa “Governo Sombra” (TVI24), perguntava e bem se a este governo, em vez de XX Governo Constitucional, não seria mais correcto chamar VII Governo Provisório.
Mas querem saber o que me irrita mais?
Quem diz que um governo liderado por um partido que não ganhou as eleições legislativas, mas que através de acordos consegue uma maioria parlamentar, não é legítimo e é anti-democrático.
Pois eu vejo a coisa exactamente ao contrário: acho mesmo que isso é uma celebração da democracia.
Ou no Parlamento não se sentam os escolhidos pelo povo português para o representar?
Dizer que é ilegítimo e anti-democrático é a mesma coisa que, pelo menos na minha óptica, passar um atestado de pouca inteligência ao povo português.
Há hoje, na Europa, 5 países que não são governados pelo partido que ganhou as respectivas eleições legislativas: Bélgica, Dinamarca, Luxemburgo, Letónia, Noruega.
E Portugal pode vir a ser o 6.º.
E eu digo “pode vir a ser”, porque não se sabe.
Tudo vai depender do Cavaco, o que vai ele fazer.
Um governo de iniciativa presidencial, já se sabe, não vai pegar.
Um governo de gestão vai ser péssimo para o país.
Mas estou curiosa com uma coisa: vocês sabem como o Cavaco anda sempre a apregoar o “superior interesse nacional”?
Pois bem, agora é que vai ser a prova dos nove: é “superior interesse nacional” ou “superior interesse dele e do partido dele”?



Já está disponível, em português, a comunidade online de doentes raros, RareConnect, em http://www.rareconnect.org/pt.
Infelizmente, ainda não está criado o grupo dedicado às ataxias hereditárias.
Assim, solicitamos a todos os que se registrem na RareConnect (http://www.rareconnect.org/pt/register) e peçam a criação do grupo ‘Ataxias hereditárias’, pois só assim vai ser possível usufruir de toda a experiência RareConnect.



Por hoje é tudo.
Até à próxima.




domingo, 1 de novembro de 2015

Pão por Deus (01/11/2015)


Olá, como estão?


Hoje é dia 01 de Novembro de 2015, Dia de Todos os Santos.

A festa ou solenidade do dia de Todos-os-Santos é celebrada em honra de todos os santos e mártires, conhecidos ou não. Esta festa é celebrada pelos crentes de muitas das igrejas da religião cristã.
Igreja Católica celebra a Festum Omnium Sanctorum (Festa de Todos-os-Santos) a 1 de novembro que é seguido pelo dia dos fiéis defuntos a 2 de novembro. A Igreja Ortodoxa celebra esta festividade no primeiro domingo depois do Pentecostes, fechando a época litúrgica da Páscoa, tal como a Igreja Católica Oriental. A Igreja Anglicana também celebra o dia de Todos os Santos com o mesmo significado que nas Igrejas Católica e Ortodoxa. Na Igreja Luterana, o dia é celebrado principalmente para lembrar que todas as pessoas batizadas são santas e também aquelas pessoas que faleceram no ano que passou, pelo que o significado da celebração também é quase idêntico ao de outras igrejas cristãs.
Enciclopédia Católica define o Dia de Todos os Santos como uma festa em "honra a todos os santos, conhecidos e desconhecidos". No fim do segundo século, professos cristãos começaram a honrar os que haviam sido martirizados por causa da sua fé e, achando que eles já estavam com Cristo no céu, oravam a eles para que intercedessem a seu favor. A comemoração regular começou quando, em 13 de maio de 609 ou 610, o Papa Bonifácio IV dedicou o Panteão (o templo romano em honra a todos os deuses) a Maria e a todos os mártiresMarkale comenta: "Os deuses romanos cederam seu lugar aos santos da religião vitoriosa."
A data foi mudada para novembro quando o Papa Gregório III (731-741) dedicou uma capela em Roma a Todos-os-Santos e ordenou que eles fossem homenageados em 1.° de novembro. Não se sabe ao certo por que ele fez isso, mas pode ter sido porque já se comemorava um feriado parecido, na mesma data, na Inglaterra. A Enciclopédia da Religião afirma: "O Samhain continuou a ser uma festa popular entre os povos celtas durante todo o tempo da cristianização da Grã-Bretanha. A Igreja britânica tentou desviar esse interesse em costumes pagãos acrescentando uma comemoração cristã ao calendário, na mesma data do Samhain. É possível que a comemoração britânica medieval do Dia de Todos-os-Santos tenha sido o ponto de partida para a popularização dessa festividade em toda a Igreja cristã."
Markale menciona a crescente influência dos monges irlandeses em toda a Europa naquela época. De modo similar, a Nova Enciclopédia Católica afirma: "Os irlandeses costumavam reservar o primeiro dia do mês para as festividades importantes e, visto que 1.° de novembro era também o início do inverno para os celtas, seria uma data propícia para uma festa em homenagem a todos os santos." Finalmente, em 835, o Papa Gregório IV declarou-a uma festa universal.
O feriado do Dia de Finados, no qual as pessoas rezam a fim de ajudar as almas no purgatório a obter a bem-aventurança celestial, teve sua data fixada em 2 de novembro durante o século 11 pelos monges de Cluny, na França. Embora se afirmasse que o Dia de Finados era um dia santo católico, é óbvio que, na mente do povo, ainda havia muita confusão. A Nova Enciclopédia Católica afirma que "durante toda a Idade Média era popular a crença de que, nesse dia, as almas no purgatório podiam aparecer em forma de fogo-fátuobruxa, sapo etc."
Incapaz de desarraigar as crenças pagãs do coração do seu rebanho, a Igreja simplesmente as escondeu por trás de uma máscara "cristã". Destacando esse fato, a Enciclopédia da Religião diz: "A festividade cristã, o Dia de Todos-os-Santos, é uma homenagem aos santos conhecidos e desconhecidos da religião cristã, assim como o Samhain lembrava as deidades celtas e lhes pagava tributo..."
Na Igreja Católica, o dia de "Todos-os-Santos" é celebrado no dia 1 de novembro e o de "Finados" no dia 2 de novembro. Esta tradição de recordar (fazer memória) os santos está na origem da composição do calendário litúrgico, em que constavam, inicialmente, as datas de aniversário da morte dos cristãos martirizados como testemunho pela sua fé, realizando-se, nelas, oraçõesmissas e vigílias, habitualmente no mesmo local ou nas imediações de onde foram mortos, como acontecia em redor do Coliseu de Roma. Posteriormente tornou-se habitual erigirem-se igrejas e basílicas dedicadas a sua memória nesses mesmos locais.
O desenvolvimento da celebração conjunta de vários mártires, no mesmo dia e lugar, deveu-se ao facto frequente do martírio de grupos inteiros de cristãos e também devido ao intercâmbio e partilha das festividades entre as dioceses/paróquias por onde tinham passado e se tornaram conhecidos. A partir da perseguição de Diocleciano o número de mártires era tão grande que se tornou impossível designar um dia do ano separado para cada um. O primeiro registo (Século IV) de um dia comum para a celebração de todos eles aconteceu em Antioquia, no domingo seguinte ao de Pentecostes, tradição que se mantém nas igrejas orientais.
Com o avançar do tempo, mais homens e mulheres se sucederam como exemplos de santidade e foram com estas honras reconhecidos e divulgados por todo o mundo. Inicialmente apenas mártires (com a inclusão de são João Batista), depressa se deu grande relevo a cristãos considerados heroicos nas suas virtudes, apesar de não terem sido mortos. O sentido do martírio que os cristãos respeitam alarga-se ao da entrega de toda a vida a Deus e, assim, a designação "todos-os-santos" visa a celebrar conjuntamente todos os cristãos que se encontram na glória de Deus, tenham ou não sido canonizados (processo regularizado, iniciado no Século V, para o apuramento da heroicidade de vida cristã de alguém aclamado pelo povo e através do qual se pode ser chamado universalmente de beato ou santo, e pelo qual se institui um dia e o tipo e lugar para as celebrações, normalmente com referência especial na missa).
Segundo o ensinamento da Igreja, a intenção catequética desta celebração que tem lugar em todo o mundo, ressalta o chamamento de Cristo a cada pessoa para o seguir e ser santo, à imagem de Deus, a imagem em que foi originalmente criada e para a qual deve continuar a caminhar em amor. Isto não só faz ver que existem santos vivos (não apenas os do passado) e que cada pessoa o pode ser, mas sobretudo faz entender que são inúmeros os potenciais santos que não são conhecidos, mas que da mesma forma que os canonizados igualmente veem Deus face a face, têm plena felicidade e intercedem por nós. O Papa João Paulo II foi um grande impulsionador da "vocação universal à santidade", tema renovado com grande ênfase no Segundo Concílio do Vaticano.
Nesta celebração, o povo católico é conduzido à contemplação do que, por exemplo, dizia o Cardeal Beato John Henry Newman: não somos simplesmente pessoas imperfeitas em necessidade de melhoramentos, mas sim rebeldes pecadores que devem render-se, aceitando a vida com Deus, e realizar isso é a santidade aos olhos de Deus.
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957. A comunhão com os santos. Não é só por causa do seu exemplo que veneramos a memória dos bem-aventurados, mas ainda mais para que a união de toda a Igreja no Espírito aumente com o exercício da caridade fraterna. Pois, assim como a comunhão cristã entre os cristãos ainda peregrinos nos aproxima mais de Cristo, assim também a comunhão com os santos nos une a Cristo, de quem procedem, como de fonte e Cabeça, toda a graça e a própria vida do Povo de Deus.
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A Cristo, nós O adoramos, porque Ele é o Filho de Deus; quanto aos mártires, nós os amamos como a discípulos e imitadores do Senhor; e isso é justo, por causa da sua devoção incomparável para com o seu Rei e Mestre. Assim nós possamos também ser seus companheiros e condiscípulos!
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1173. Quando a Igreja, no ciclo anual, faz memória dos mártires e dos outros santos, proclama o mistério pascal realizado naqueles homens e mulheres que sofreram com Cristo e com Ele foram glorificados, propõe aos fiéis os seus exemplos, que a todos atraem ao Pai por Cristo, e implora, pelos seus méritos, os benefícios de Deus.
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2013. Os cristãos, de qualquer estado ou ordem, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade. Todos são chamados à santidade: Sede perfeitos, como o vosso Pai celeste é perfeito (Mt 5, 48). Para alcançar esta perfeição, empreguem os fiéis as forças recebidas segundo a medida em que Cristo as dá, a fim de que [...] obedecendo em tudo à vontade do Pai, se consagrem com toda a alma à glória do Senhor e ao serviço do próximo. Assim crescerá em frutos abundantes a santidade do povo de Deus, como patentemente se manifesta na história da Igreja, com a vida de tantos santos.
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Em Portugal, no dia de Todos-os-Santos, as crianças saem à rua e juntam-se em pequenos bandos para pedir o pão-por-deus de porta em porta. As crianças quando pedem o pão-por-deus recitam versos e recebem como oferenda: pãobroasbolosromãs e frutos secosnozesamêndoas ou castanhas, que colocam dentro dos seus sacos de pano. É também costume em algumas regiões os padrinhos oferecerem um bolo, o Santoro. Em algumas povoações, chama-se, a este dia, o "Dia dos Bolinhos" ou "Dia do Bolinho".
Esta tradição já era registada no século XV. Tem origem no ritual pagão do culto dos mortos, com raízes milenares. Em 1756, também se cumpriu, 1 ano após o sismo que destruiu Lisboa em 1 de Novembro de 1755, em que morreram milhares de pessoas e em que a população da cidade - na sua maioria pobre - ainda mais pobre ficou.
Como a data do terramoto coincidiu com uma data com significado religioso (1 de Novembro), de forma espontânea, no dia em que se cumpria o primeiro aniversário do terramoto, a população aproveitou a tradição para desencadear, por toda a cidade, um peditório, com a intenção de manter uma tradição que lembrava os seus mortos.
As pessoas, percorriam a cidade, batiam às portas e pediam que lhes fosse dada qualquer esmola, mesmo que fosse pão, dado grassar a fome pela cidade. E as pessoas pediam: "Pão por Deus".
Noutras zonas do país, foram surgindo variações na forma e no nome da comemoração.
Nas décadas de 1960 e 1970, a data passou a ser comemorada mais de forma lúdica do que pelas razões que criaram a tradição. Havia regras básicas, que eram escrupulosamente cumpridas:
Só podiam pedir o "Pão-por-Deus" crianças até os 10 anos de idade (com idades superiores, as pessoas recusavam-se a dar).
As crianças só podiam andar na rua a pedir o "Pão-por-Deus" até ao meio-dia (depois do meio-dia, se alguma criança batesse a uma porta, levava um "raspanete" do adulto que abrisse a porta).
A partir dos anos 1980, a tradição foi gradualmente desaparecendo e, atualmente, raras são localidades onde se pratica esta tradição. Em Fátima, por exemplo, esta tradição continua bem viva.
Embora não advoguem a crença no purgatório, há igrejas protestantes que também guardam o Dia de Finados. Com efeito, é o terceiro dentre três dias consecutivos que a cristandade considera como tendo relação especial com os mortos. O dia antes, 1° de novembro, é o Dia de Todos-os-Santos, em honra às almas dos "santos", que se pensa já terem chegado ao céu. E o dia anterior, 31 de outubro, é chamado Halloween (em inglês) ou Véspera de Todos-os-Santos, e seu nome em inglês deriva de ser a véspera do "Dia de Todos os Hallows [Santos]".
O Halloween também tem relação com os mortos. No calendário dos antigos celtas, 31 de outubro era a Véspera do Ano-Novo. Os celtas, junto com seussacerdotes, os druidas, criam que, na véspera do ano-novo, as almas dos mortos perambulavam pela terra. Sustentava-se que alimentos, bebidas e sacrifícios podiam apaziguar tais almas perambulantes. O halloween também incluía fogueiras para expulsar os maus espíritos.
A respeito das fogueiras nessa época do ano, lemos em "Curiosidades dos Costumes Populares":
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Usavam-se também fogueiras em diferentes horas e lugares, na Noite de Todos-os-Santos, que é a véspera do Dia de Finados, e no próprio Dia de Finados, o 2 de novembro. Nestes casos, as fogueiras eram consideradas como típicas da imortalidade, e imaginava-se serem eficazes, como sinal exterior e visível, pelo menos, para iluminar as almas [isto é, ajudá-las a libertar-se] do purgatório.
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Eu ainda me lembro de ir, com um grupo de amigos, pedir o “Pão por Deus”. E como não só vivíamos numa aldeia (na altura: agora já é vila), como também ainda não havia as questões que há actualmente com a segurança, íamos sozinhos, sem qualquer tipo de supervisão adulta.
Um dos meus sítios preferidos para ir era o antigo Convento das Freiras, actual APPACDM (mais conhecido como o 8.º Centro): as freiras eram muito simpáticas e davam sempre nozes.


E por hoje é tudo.
Até uma próxima oportunidade.